terça-feira, 7 de julho de 2009

Grandes questões; pequenos veículos

Algo preso no peito
Silêncio: o que andam a querer se esconder?
Eles com pressa de serem perfeitos
Eles sabem tudo de imagem, bastidores e poder
Quando você acorda em dia ruim na selva de gigantes
Decifra o tempo ou te devoram...
...sem deixar senhas para os sonhos que vendem por aí...

Grandes questões; pequenos veículos
Enormes automóveis; a grandeza da vida na pequeneza do vídeo
Eles com pressa de terem de tudo...
...mas o que é o tudo que tanto desejam ter?
Eles sabem tudo: educação-telemarketing e verdade-privê!

Quando você acorda em dia ruim na selva de gigantes
Como elefantes numa loja de cristais...
Quando um minuto antes da explosão tudo é inconstante
Não somos visíveis há quem é gigante demais...

Entre as garotas sexys das cervejas
Entre os slogans que já fazem parte da nossa natureza
Entre o que é preciso ter para se ter certeza
Ainda me sinto tão pequeno com algo preso no peito
Talvez sejam os melhores defeitos
“Humano, demasiado humano”...sinais...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Áspera espera

Na áspera espera
De quem espalha a palha em fogo aceso
E ver queimar
Eu ainda espero chegar
No bravo e breve brilho que brada o teu olhar
Como uma razão a me guiar neste raso lugar
É por isto que te espero voltar...

Em qualquer toque de telefone
Em qualquer passo que escuto
Em qualquer voz que soa meu nome
Em qualquer canto do escuro
Estou sempre indo aonde você gostou de estar
Só pra vê se você vai voltar

Se você volta
Eu tranco a porta
Meu coração abriga o infinito e bebe o mar
Não será exagero voltar a flutuar
Na áspera espera
Da dor a me visitar
Sou eu quem ainda espera te amar...

terça-feira, 5 de maio de 2009

O que vale mais...

A morte que nos iguala...
A estrada que nos separa...
O que tem mais valor?
Idéias a dar na cara
Divergências não param
E o que vale mais que o amor?

Eu quero cuidar bem de você
O problema é que às vezes sou fraco
Caio nas armadilhas que eu mesmo faço
Nas palavras que permanecem após dissolver

Mas saiba que eu quero cuidar bem de você
Que é a escora que me ampara
A brisa que refresca minha alma
Quando não consigo sequer me entender

Tudo que eu quero é cuidar de você
Por que sei que quando eu envelhecer
Olharei junto com você na certeza do que fizemos de melhor

Eu não poderia dividir minha solidão com mais ninguém
Se depois de ti, nem lembro como até aqui cheguei
Você é quem se entrega abrindo mão do chão
Tudo que eu quero...que você possa sempre ver
Que você também possa sempre querer
Mesmo que alguns dias te pareçam em vão...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Gaveta

O tempo engana nossa memória
Tira-nos do trem da história
Remete sonhos a locais e dias esquecidos
Mas não tira o amor das almas encardidas
Por mais que se lave com novos rostos e outras mãos
Por isto voltei depois de achar aquele velho bilhete na gaveta
Estou certo que ainda tem alguma palavra daquelas contigo
Apague a luz para que eu possa entrar sem tropeçar em teus velhos amores vividos
Não quero nem saber o que foi passado e o que foi possível

O grande peso das pequenas certezas

Tua vida de pequenas certezas
Colar cacos ao fim do dia
Sobrevivendo as asperezas
No limite do silêncio que te enfastia
Algo anda errado e você não sabe o que é...
...vontade de gritar, perde-se um pouco de fé...

É difícil de atravessar
Às vezes respirar o ódio desse lugar é nossa intoxicação
Uma pandemia de costumes inúteis à luz da razão
Mas faz parte da verdade cultuada: o pacto ao nascer
Em terra de cegos, quem tem olho sofre por saber quem é o rei

O grande peso das pequenezas
É uma pedra sobre a poesia essencial
Quando o amor te acerta na veia
Não há palco, não há razão, nem ritual
A existência humana perene e rasteira
Te cobra uma ação vital

Consciência

Quem escolheu as armas?
Quem teve consciência exata da batalha que travou?
Onde você está agora e por que não estou?

O que sobrou pela casa
A luz se fez na noite em que você partiu
Iluminou cada canto e palavra que nos feriu...

Você teima em dizer que o tempo sara
Mas até lá o que eu tiver de esquecer
Vai me fazer lembrar que tive em mãos o sentido da estrada

Se antes de ti eu não tinha consciência do vazio da casa
Agora, os quartos são infinitos e pequenos para acomodar a dor
Diante da ausência do amor que a gente acreditava
Diante de um vazio consciente do que sobrou

Quais foram as nossas armas?
Se você já notava, por que nunca falou?
Onde eu me perdi que nem meu corpo me encontrou?

Dia do Trabalho

Eu que saio de casa a esperar
Volto ao lar a esperar
Quem sabe um dia, um lugar
Outra vida com o tempo de descansar
Talvez para colher o que plantei
Entre as coisas bonitas que eu criei
E deram frutos para quem nem sei

Enquanto a chaminé polui o ar
Eu enxergo dentro dos limites pra se enxergar
Sofro com o sorriso no rosto ao receber
O que acreditam ser justo para ocupar meu lugar
Enquanto minha culpa é o silêncio em frente à TV

Quem sabe para além dos papeis que teimo assinar
Resida uma nova cor em um novo olhar
Um jeito novo de se libertar do que parede nem tem
Quem sabe então me apaixonar
Pelo que sempre quis ser e fazer...
Sem precisar me lembrar do fim do mês

Mas estou cansando por demais
Para deixar o cais e encontrar um novo caos
Que possa enfim me desorganizar
Mas disseram que há uma idade para se ousar
Depois disso os sonhos não mais nos vêem