quarta-feira, 25 de março de 2009

Alguns dias sem dormir direito
O escuro ilumina detalhes dessa solidão
Algo diferente bate em meu peito
O silêncio parece cantar...
Hoje eu escutei meus próprios versos
Antes que eu os pudesse falar...
Parecia em meio à insônia um sonho
O infinito dentro de um espaço pequeno a tentar escapar

Até aqui já foram tantas coisas
Algumas janelas iluminadas foram só ilusão
Serviram de certeza para o quanto resta viver
O caminho se faz nos passos
A certeza não tem parede para nos prender
Não há como não ser livre
Até a prisão é uma escolha que se tem...

E assim eu vi a noite desaparecer
Como quem sabe mais do que se deve sem saber porquê
Qual a razão de estarmos no escuro?
Qual luz que você deseja que teu coração acenda em ti...
...para que a vida te surpreenda?
O que te encanta quando só a vida entra em cena
Sem relógios, sem históricos, sem dilemas...
Quando só lhe resta o fato de estar aqui?

Não foi nada fácil chegar vivo
Talvez por isso aprendi que vale a pena
Sempre me disseram que alguns sonhos seriam em vão
Sempre respondi que a vida é curta demais pra ser pequena

E meu coração parece abrigar o infinito
Nas insônias naufragadas em poemas...
...em poemas...

Se quiser...

Acredite se quiser...ou deixe ser só poesia
Não quero nada de ninguém
Tão pouco que isso seja filosofia
Um deus estampa camisetas: frases vazias
Um silêncio cheio de incertezas
No máximo, conter despesas para um novo dia

Será que o mundo tem mesmo um fim?
Será que dará tempo para o tempo que a gente sonhava?
Será que as crises serão sempre disfarçadas?

A gente se acostuma a tudo por muito pouco
Sem perceber o quanto estamos ficando loucos...
Em dias de overdose de lucidez
Eu não consigo me ver diferente de ninguém
Nem dos homens-bombas, nem dos suicidas
Nem dos imbecis das capas de revistas
Nem dos que sempre dizem amém...

Duvide se quiser...ou deixe ser só esquizofrenia
Fantasmas para quando não há ninguém
Ter fé por fuga ou força? Quem diria?!
O tempo passa sem a gente perceber
Apressados para reviver sempre o mesmo dia

A gente se acostuma a tudo por muito pouco
Sem perceber o quanto estamos ficando loucos
Em dias de overdose de lucidez
Eu não consigo me ver diferente de ninguém
Nem dos vândalos que pincharam a esquina
Nem dos que usam coca-cola ou cocaína
Nem dos pastores barulhentos que agem em surdina
Nem dos que sempre dizem adeus...

sexta-feira, 20 de março de 2009

A cor do nosso tempo

Tantos dias sem certezas
Tantas certezas sem razão
Qualquer publicação faz sentido:
Eternidade de pouca duração
Violência em vídeo ao vivo
...com comentários de celebridade sem opinião...

É tão difícil escapar da cor dos novos tempos

Tantas câmeras sobre a cabeça
Quinze minutos de overdose de informação
É preciso saber de tudo
Ter trincheiras sempre alertas dentro do coração
Às vezes a fuga é estar calado
Um tanto quanto observador
Tantos destinos traçados ao acaso
Como se houvesse um plano ou o salvador...

É tão difícil escapar da cor do nosso tempo

Eu tenho aprendido a ler jornais
Além do que se anda escrevendo
E assim ficar em paz
Na certeza de algo acontecendo
Para surgir depois que esse tempo passar...

Eu observo os esquerdistas
Tomando uísque em mesa de bar
Revoluções de costumes
Ditadura sem força bruta e com direito a sonhar
O sonho que eles mandam em mensagens de celular

Eu tenho aprendido a ler jornais
Além do que se anda escrevendo
E assim ficar em paz
Na certeza de que algo anda acontecendo
Para surgir depois que esse tempo passar...
E vai passar

Eu sei o que me faz sobreviver aos bandos e bandeiras
Que acreditam ter um lugar...

sexta-feira, 13 de março de 2009

O sinal

Viver é agora
Sem pressa e sem pressão
Sem sonho herdado
Sem senha de acesso
Velas acessas...velas ao vento
Escrevendo poemas com a mão

Urgência de vida aqui dentro
Silêncio em contato com o mundo dito real
Maquiagens que caem com o tempo
Algo aguarda pra depois do temporal
Até porque...
...só nos resta crê no sinal...

terça-feira, 3 de março de 2009

Simplesmente Alice

Alice vomita poesias nestes dias indiferentes
Mora em seu país com maravilhas tão hostis...
...quanto os vizinhos que vigiam a sua porta...
Alice sabe que ser feliz é um estado e não uma constante intransigente
Mas se viciou com as expectativas que o mundo cobra
Por isto tem seus males e psicotrópicos para os dias quentes
Quando chove muito, Alice aparece com drogas diferentes...

Alice já transou com outras mulheres só pra se dar conta
Ela não sabe o que é o mal ou bem...é só vertigem em sua mente
Quando Alice rir satisfeita, ela dói nos outros e amedronta
Alice recebe os padres que desejam se confessar
Alice dá benção e reza por um outro mundo todo dia
Alice deseja tanto viver que já tentou até se matar

Seus cachos loiros acariciam o amor sem lhe dar uma face vazia
Alice sabe o valor sem precisar saber o preço do que queria
Mas há quem ache Alice tão vazia, por silêncio constante
Por sua inevitável ironia...
Alice se trancou no quarto à noite e não estava sozinha
Ele teve uma overdose de poesia, mas não consegue se matar
Ela até tentou, mas o máximo que conseguiu foi se cansar...

Inexato

O que eu só escuto quando cai a noite:
- Um silêncio bruto
- Um véu de chumbo
A saudade de um tempo que nunca soube chegar
- Um desejo oculto
- Um sinal de luto
Um coração desesperado sem ter o que esperar

Quando o caos é um cais
O olhar é um oceano no rosto
Represando o que já não pode mais esperar...
Tem que haver um sentido
Quando não é sensato usar do senso-crítico
Quando o possível é impossível de se aceitar

Quando o espelho te aponta o culpado
Pelo local exato onde você está...
É o limite extremo de qualquer caminho errado
Sonhos que não te deixam dormir
Dias que torna impossível acordar

Mais uma noite interminável em que cai a chuva
Denunciando o quanto a vida é curta
Para que não sejamos tão pequenos ao caminhar
Pode até ser minha marca
Pode ser para sempre
Mas não será sempre que vou acatar
O que só eu escuto quando a noite vem me visitar

Um silêncio bruto
Um véu de chumbo
Um sinal de luto
Para o que anda vivo em algum lugar

A lucidez e o açoite

Depois da lucidez vem o açoite
Quando se esperava por um abrigo
À vezes a verdade é uma foice
E o silêncio é a represa do grito
Arte de fazer da vida o doce
É a de uma bailarina na beira de um precipício
É preciso demonstrar leveza ainda que os pés doam
É preciso concentrar o sal do suor no sorriso...

A tristeza não usa maquiagem nem sentido
Nem precisa de palavras, nem poemas ou dias de sol
No instante em que se lança no obscuro invisível
Para além de onde a vista alcança some o bem e o mal

Colhe o fruto o alquimista do engenho
Transforma o que é bruto em algum motivo
Demonstra o teu empenho
Em ter razão para permanecer vivo
Trazer para a noite algum sonho
Que permaneça acesso no claro do dia
Às vezes o excesso de luz apaga vaga-lumes de poesia
Nos olhos nublados e no teu rosto
A marca de quem enxerga o que já não podia

Depois da lucidez vem o açoite
Para quem tinha se acostumado com a fantasia
Religiões dão teto ao desespero
Sem colunas que sustentem tantas teorias