terça-feira, 3 de março de 2009

A lucidez e o açoite

Depois da lucidez vem o açoite
Quando se esperava por um abrigo
À vezes a verdade é uma foice
E o silêncio é a represa do grito
Arte de fazer da vida o doce
É a de uma bailarina na beira de um precipício
É preciso demonstrar leveza ainda que os pés doam
É preciso concentrar o sal do suor no sorriso...

A tristeza não usa maquiagem nem sentido
Nem precisa de palavras, nem poemas ou dias de sol
No instante em que se lança no obscuro invisível
Para além de onde a vista alcança some o bem e o mal

Colhe o fruto o alquimista do engenho
Transforma o que é bruto em algum motivo
Demonstra o teu empenho
Em ter razão para permanecer vivo
Trazer para a noite algum sonho
Que permaneça acesso no claro do dia
Às vezes o excesso de luz apaga vaga-lumes de poesia
Nos olhos nublados e no teu rosto
A marca de quem enxerga o que já não podia

Depois da lucidez vem o açoite
Para quem tinha se acostumado com a fantasia
Religiões dão teto ao desespero
Sem colunas que sustentem tantas teorias

Nenhum comentário:

Postar um comentário