terça-feira, 7 de julho de 2009

Grandes questões; pequenos veículos

Algo preso no peito
Silêncio: o que andam a querer se esconder?
Eles com pressa de serem perfeitos
Eles sabem tudo de imagem, bastidores e poder
Quando você acorda em dia ruim na selva de gigantes
Decifra o tempo ou te devoram...
...sem deixar senhas para os sonhos que vendem por aí...

Grandes questões; pequenos veículos
Enormes automóveis; a grandeza da vida na pequeneza do vídeo
Eles com pressa de terem de tudo...
...mas o que é o tudo que tanto desejam ter?
Eles sabem tudo: educação-telemarketing e verdade-privê!

Quando você acorda em dia ruim na selva de gigantes
Como elefantes numa loja de cristais...
Quando um minuto antes da explosão tudo é inconstante
Não somos visíveis há quem é gigante demais...

Entre as garotas sexys das cervejas
Entre os slogans que já fazem parte da nossa natureza
Entre o que é preciso ter para se ter certeza
Ainda me sinto tão pequeno com algo preso no peito
Talvez sejam os melhores defeitos
“Humano, demasiado humano”...sinais...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Áspera espera

Na áspera espera
De quem espalha a palha em fogo aceso
E ver queimar
Eu ainda espero chegar
No bravo e breve brilho que brada o teu olhar
Como uma razão a me guiar neste raso lugar
É por isto que te espero voltar...

Em qualquer toque de telefone
Em qualquer passo que escuto
Em qualquer voz que soa meu nome
Em qualquer canto do escuro
Estou sempre indo aonde você gostou de estar
Só pra vê se você vai voltar

Se você volta
Eu tranco a porta
Meu coração abriga o infinito e bebe o mar
Não será exagero voltar a flutuar
Na áspera espera
Da dor a me visitar
Sou eu quem ainda espera te amar...

terça-feira, 5 de maio de 2009

O que vale mais...

A morte que nos iguala...
A estrada que nos separa...
O que tem mais valor?
Idéias a dar na cara
Divergências não param
E o que vale mais que o amor?

Eu quero cuidar bem de você
O problema é que às vezes sou fraco
Caio nas armadilhas que eu mesmo faço
Nas palavras que permanecem após dissolver

Mas saiba que eu quero cuidar bem de você
Que é a escora que me ampara
A brisa que refresca minha alma
Quando não consigo sequer me entender

Tudo que eu quero é cuidar de você
Por que sei que quando eu envelhecer
Olharei junto com você na certeza do que fizemos de melhor

Eu não poderia dividir minha solidão com mais ninguém
Se depois de ti, nem lembro como até aqui cheguei
Você é quem se entrega abrindo mão do chão
Tudo que eu quero...que você possa sempre ver
Que você também possa sempre querer
Mesmo que alguns dias te pareçam em vão...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Gaveta

O tempo engana nossa memória
Tira-nos do trem da história
Remete sonhos a locais e dias esquecidos
Mas não tira o amor das almas encardidas
Por mais que se lave com novos rostos e outras mãos
Por isto voltei depois de achar aquele velho bilhete na gaveta
Estou certo que ainda tem alguma palavra daquelas contigo
Apague a luz para que eu possa entrar sem tropeçar em teus velhos amores vividos
Não quero nem saber o que foi passado e o que foi possível

O grande peso das pequenas certezas

Tua vida de pequenas certezas
Colar cacos ao fim do dia
Sobrevivendo as asperezas
No limite do silêncio que te enfastia
Algo anda errado e você não sabe o que é...
...vontade de gritar, perde-se um pouco de fé...

É difícil de atravessar
Às vezes respirar o ódio desse lugar é nossa intoxicação
Uma pandemia de costumes inúteis à luz da razão
Mas faz parte da verdade cultuada: o pacto ao nascer
Em terra de cegos, quem tem olho sofre por saber quem é o rei

O grande peso das pequenezas
É uma pedra sobre a poesia essencial
Quando o amor te acerta na veia
Não há palco, não há razão, nem ritual
A existência humana perene e rasteira
Te cobra uma ação vital

Consciência

Quem escolheu as armas?
Quem teve consciência exata da batalha que travou?
Onde você está agora e por que não estou?

O que sobrou pela casa
A luz se fez na noite em que você partiu
Iluminou cada canto e palavra que nos feriu...

Você teima em dizer que o tempo sara
Mas até lá o que eu tiver de esquecer
Vai me fazer lembrar que tive em mãos o sentido da estrada

Se antes de ti eu não tinha consciência do vazio da casa
Agora, os quartos são infinitos e pequenos para acomodar a dor
Diante da ausência do amor que a gente acreditava
Diante de um vazio consciente do que sobrou

Quais foram as nossas armas?
Se você já notava, por que nunca falou?
Onde eu me perdi que nem meu corpo me encontrou?

Dia do Trabalho

Eu que saio de casa a esperar
Volto ao lar a esperar
Quem sabe um dia, um lugar
Outra vida com o tempo de descansar
Talvez para colher o que plantei
Entre as coisas bonitas que eu criei
E deram frutos para quem nem sei

Enquanto a chaminé polui o ar
Eu enxergo dentro dos limites pra se enxergar
Sofro com o sorriso no rosto ao receber
O que acreditam ser justo para ocupar meu lugar
Enquanto minha culpa é o silêncio em frente à TV

Quem sabe para além dos papeis que teimo assinar
Resida uma nova cor em um novo olhar
Um jeito novo de se libertar do que parede nem tem
Quem sabe então me apaixonar
Pelo que sempre quis ser e fazer...
Sem precisar me lembrar do fim do mês

Mas estou cansando por demais
Para deixar o cais e encontrar um novo caos
Que possa enfim me desorganizar
Mas disseram que há uma idade para se ousar
Depois disso os sonhos não mais nos vêem

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Por aí

Talvez por aí...
...a gente até esbarre em algum sentido
Que não venha das razões rasas de um vídeo...
Basta um preço para se dizer qualquer adjetivo

Difícil é separar
A palavra que fica da que se apaga
O doce que encanta tanto que amarga
E então enxergar para além de onde a vista alcança
Onde há céu azul e espaço para esperança...

Quem sabe na próxima esquina
Um ponto de encontro...de encanto...

Talvez por aí...
...a gente até se encontre em algum sentido
Que não esteja nas ilusões iluminadas por alguns livros
Basta um preço para se dizer qualquer adjetivo

Difícil é separar
A arte dos artifícios da imagem
A luz que encanta tanto que faz miragem
Quem sabe o escuro revele o que outdoors escondem
Por trás das nuvens um céu sem sinal de tempestade

Quem sabe na próxima esquina
Um ponde de encontro...de encanto...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Invisível obviedade

Tanta gente com tão pouco
Nesse mundo oco
De superfície descartável
Acha que tem tudo em mãos
Por estar em silêncio confortável
Usando o controle remoto da televisão
Para sacar as últimas novidades do mercado

Se é tempo de crise
Então crie um poema
Se chegou ao limite
Dilua o dilema
Não complique o óbvio explicando notícias populares
A verdade está na cara de quem encara o bom combate
Tire o sonho da bainha
Chegou a hora extrema
Se a dor não é só minha
Entre em cena...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Alguns dias sem dormir direito
O escuro ilumina detalhes dessa solidão
Algo diferente bate em meu peito
O silêncio parece cantar...
Hoje eu escutei meus próprios versos
Antes que eu os pudesse falar...
Parecia em meio à insônia um sonho
O infinito dentro de um espaço pequeno a tentar escapar

Até aqui já foram tantas coisas
Algumas janelas iluminadas foram só ilusão
Serviram de certeza para o quanto resta viver
O caminho se faz nos passos
A certeza não tem parede para nos prender
Não há como não ser livre
Até a prisão é uma escolha que se tem...

E assim eu vi a noite desaparecer
Como quem sabe mais do que se deve sem saber porquê
Qual a razão de estarmos no escuro?
Qual luz que você deseja que teu coração acenda em ti...
...para que a vida te surpreenda?
O que te encanta quando só a vida entra em cena
Sem relógios, sem históricos, sem dilemas...
Quando só lhe resta o fato de estar aqui?

Não foi nada fácil chegar vivo
Talvez por isso aprendi que vale a pena
Sempre me disseram que alguns sonhos seriam em vão
Sempre respondi que a vida é curta demais pra ser pequena

E meu coração parece abrigar o infinito
Nas insônias naufragadas em poemas...
...em poemas...

Se quiser...

Acredite se quiser...ou deixe ser só poesia
Não quero nada de ninguém
Tão pouco que isso seja filosofia
Um deus estampa camisetas: frases vazias
Um silêncio cheio de incertezas
No máximo, conter despesas para um novo dia

Será que o mundo tem mesmo um fim?
Será que dará tempo para o tempo que a gente sonhava?
Será que as crises serão sempre disfarçadas?

A gente se acostuma a tudo por muito pouco
Sem perceber o quanto estamos ficando loucos...
Em dias de overdose de lucidez
Eu não consigo me ver diferente de ninguém
Nem dos homens-bombas, nem dos suicidas
Nem dos imbecis das capas de revistas
Nem dos que sempre dizem amém...

Duvide se quiser...ou deixe ser só esquizofrenia
Fantasmas para quando não há ninguém
Ter fé por fuga ou força? Quem diria?!
O tempo passa sem a gente perceber
Apressados para reviver sempre o mesmo dia

A gente se acostuma a tudo por muito pouco
Sem perceber o quanto estamos ficando loucos
Em dias de overdose de lucidez
Eu não consigo me ver diferente de ninguém
Nem dos vândalos que pincharam a esquina
Nem dos que usam coca-cola ou cocaína
Nem dos pastores barulhentos que agem em surdina
Nem dos que sempre dizem adeus...

sexta-feira, 20 de março de 2009

A cor do nosso tempo

Tantos dias sem certezas
Tantas certezas sem razão
Qualquer publicação faz sentido:
Eternidade de pouca duração
Violência em vídeo ao vivo
...com comentários de celebridade sem opinião...

É tão difícil escapar da cor dos novos tempos

Tantas câmeras sobre a cabeça
Quinze minutos de overdose de informação
É preciso saber de tudo
Ter trincheiras sempre alertas dentro do coração
Às vezes a fuga é estar calado
Um tanto quanto observador
Tantos destinos traçados ao acaso
Como se houvesse um plano ou o salvador...

É tão difícil escapar da cor do nosso tempo

Eu tenho aprendido a ler jornais
Além do que se anda escrevendo
E assim ficar em paz
Na certeza de algo acontecendo
Para surgir depois que esse tempo passar...

Eu observo os esquerdistas
Tomando uísque em mesa de bar
Revoluções de costumes
Ditadura sem força bruta e com direito a sonhar
O sonho que eles mandam em mensagens de celular

Eu tenho aprendido a ler jornais
Além do que se anda escrevendo
E assim ficar em paz
Na certeza de que algo anda acontecendo
Para surgir depois que esse tempo passar...
E vai passar

Eu sei o que me faz sobreviver aos bandos e bandeiras
Que acreditam ter um lugar...

sexta-feira, 13 de março de 2009

O sinal

Viver é agora
Sem pressa e sem pressão
Sem sonho herdado
Sem senha de acesso
Velas acessas...velas ao vento
Escrevendo poemas com a mão

Urgência de vida aqui dentro
Silêncio em contato com o mundo dito real
Maquiagens que caem com o tempo
Algo aguarda pra depois do temporal
Até porque...
...só nos resta crê no sinal...

terça-feira, 3 de março de 2009

Simplesmente Alice

Alice vomita poesias nestes dias indiferentes
Mora em seu país com maravilhas tão hostis...
...quanto os vizinhos que vigiam a sua porta...
Alice sabe que ser feliz é um estado e não uma constante intransigente
Mas se viciou com as expectativas que o mundo cobra
Por isto tem seus males e psicotrópicos para os dias quentes
Quando chove muito, Alice aparece com drogas diferentes...

Alice já transou com outras mulheres só pra se dar conta
Ela não sabe o que é o mal ou bem...é só vertigem em sua mente
Quando Alice rir satisfeita, ela dói nos outros e amedronta
Alice recebe os padres que desejam se confessar
Alice dá benção e reza por um outro mundo todo dia
Alice deseja tanto viver que já tentou até se matar

Seus cachos loiros acariciam o amor sem lhe dar uma face vazia
Alice sabe o valor sem precisar saber o preço do que queria
Mas há quem ache Alice tão vazia, por silêncio constante
Por sua inevitável ironia...
Alice se trancou no quarto à noite e não estava sozinha
Ele teve uma overdose de poesia, mas não consegue se matar
Ela até tentou, mas o máximo que conseguiu foi se cansar...

Inexato

O que eu só escuto quando cai a noite:
- Um silêncio bruto
- Um véu de chumbo
A saudade de um tempo que nunca soube chegar
- Um desejo oculto
- Um sinal de luto
Um coração desesperado sem ter o que esperar

Quando o caos é um cais
O olhar é um oceano no rosto
Represando o que já não pode mais esperar...
Tem que haver um sentido
Quando não é sensato usar do senso-crítico
Quando o possível é impossível de se aceitar

Quando o espelho te aponta o culpado
Pelo local exato onde você está...
É o limite extremo de qualquer caminho errado
Sonhos que não te deixam dormir
Dias que torna impossível acordar

Mais uma noite interminável em que cai a chuva
Denunciando o quanto a vida é curta
Para que não sejamos tão pequenos ao caminhar
Pode até ser minha marca
Pode ser para sempre
Mas não será sempre que vou acatar
O que só eu escuto quando a noite vem me visitar

Um silêncio bruto
Um véu de chumbo
Um sinal de luto
Para o que anda vivo em algum lugar

A lucidez e o açoite

Depois da lucidez vem o açoite
Quando se esperava por um abrigo
À vezes a verdade é uma foice
E o silêncio é a represa do grito
Arte de fazer da vida o doce
É a de uma bailarina na beira de um precipício
É preciso demonstrar leveza ainda que os pés doam
É preciso concentrar o sal do suor no sorriso...

A tristeza não usa maquiagem nem sentido
Nem precisa de palavras, nem poemas ou dias de sol
No instante em que se lança no obscuro invisível
Para além de onde a vista alcança some o bem e o mal

Colhe o fruto o alquimista do engenho
Transforma o que é bruto em algum motivo
Demonstra o teu empenho
Em ter razão para permanecer vivo
Trazer para a noite algum sonho
Que permaneça acesso no claro do dia
Às vezes o excesso de luz apaga vaga-lumes de poesia
Nos olhos nublados e no teu rosto
A marca de quem enxerga o que já não podia

Depois da lucidez vem o açoite
Para quem tinha se acostumado com a fantasia
Religiões dão teto ao desespero
Sem colunas que sustentem tantas teorias

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Foco

Se não fosse por você...
...eu já teria perdido o rastro...
...de qualquer sentido vago...
...que me desse uma direção

Sem você não sei se sairia vivo
Dos sonhos nos quais ainda insisto
Quando a vida nos torna invisível
Com mundo despido aos nossos olhos?

Se não fosse por você...
...talvez eu já tivesse fechado a porta...
...para o que de fato importa...
Só o fio frio da pura razão

Sem você não sei que ar se respira
Entre os sonhos que trago em carne viva
Quando cego dos demais sentidos
Só enxergo a tua mão...

Presos sem elos, nem correntes
Por mais que o mundo tente
Nosso pequeno universo é bem maior
Sobrevive do bom e velho amor

Se não fosse por você...
Se não fosse por você...
Nem lembro como era antes do que hoje existe

Alcatraz

Quem ainda consegue ser sincero?
Foi para salvar a própria pele ou só por diversão?
Quem de fato enxerga a cor do desespero...
...quando só restam os pontos iluminados pela escuridão?
E a gente inventa que doma o tempo
Sem perceber a cegueira dentro do olho do furacão
Depois que o profeta enxergou detalhes da História
...foi o primeiro a dizer adeus...

...e a gente acredita que é cruz...
...qualquer cisco dentro do nosso olhar...
...e a gente crê que é luz...
...qualquer faísca fácil de fossilizar...

Por medo de sermos livres acreditamos fácil demais
...em qualquer resposta...
Mesmo sem saber ao certo qual é a pergunta que importa
(E qual pergunta que importa?)

Quem reclama dos intervalos de inverno...
...por quanto tempo ficaria nu sob a luz do sol?
Quem de fato acha que conhece o inferno...
Será que já visitou universos para além do próprio lençol?
Quem precisa de alguém do lado...
...quer amor ou remédio para a própria solidão?
Quem busca sempre a razão como convive com o coração?

A dose exata da bebida que te encharca
É a diferença entre o veneno e a salvação?
Será que existe uma resposta?
Mas para qual pergunta servirá então?

Couraça

Fácil acreditar
Sem sair do lugar
Enquanto a vida vai...
Fácil deixar o tempo a guiar
Sem ter do que duvidar
Convencido de que isto é paz...

Já perdi couraça, mas nunca coração!
Quase enlouqueci por excesso de lucidez
Já vi pontos na escuridão que a luz artificial escondeu

Fácil rimar
Ilusões em dias assim
Quando tantos canais te vendem o céu
Simples concordar
Depois que só nos resta dormir
Ao chegar de um mundo que nunca tira o véu

Quando faz silêncio é que escuto um som
Apontando um caminho que sempre esteve aqui
Já me faltou couraça, mas nunca coragem de seguir
Sei onde não quero estar
Ainda que não saiba ao certo aonde vou...

Em silêncio enxergo em meus sonhos um outro lugar
Talvez seja um horizonte impossível de tocar
Mas é exatamente o que me faz andar (e ser quem sou)

Já perdi quase tudo, até a razão...
...por excesso de lucidez
Sei bem das pedras que rolam pelo chão
Só há caminho para quem o fez...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Em tempo...

As respostas sempre chegam ao seu tempo
E duram o suficiente até novas dúvidas ocuparem o seu lugar
Ciência, fé, paixões, ou simples passatempos
Não há força que se imponha a uma nova idéia no ar...

É difícil entender quando o tempo é um relógio apressado
Distante de quando nossas madrugadas são ilhas invisíveis
O tempo é tão lento quando estamos parados
Uma invenção tão humana como tudo que mede e nos oprime

Em meio às respostas que caem dentro do teu quarto
Tem sempre alguém para alertar do cuidado
Que é preciso ter quando se escolhe ser livre...
Há um preço e uma pressão neste tempo que se imprime
(Enquanto o próprio tempo coloca tudo em seu lugar...)

Quando o tempo passa com as respostas que se acreditou
Sobra só um silêncio e uma verdade que diferencia espelho de vitrine
Mas há um preço e uma pressão em tudo que se revela
Só sabe do mar, quem tem coragem de alçar velas...

Caminhar...

Lá vem o orvalho da manhã
Quantas notas para compor o que ninguém nota?
Só querem saber quanto vale?
Você sempre há de perder as horas contando notas...
Por que será que apesar de tanto caminhar...
...a vida parece não estar andando?
Se você vê meus olhos abertos a se impressionar
É porque ando sonhando...

Sem preço e sem prece para algo acontecer
Tenha pressa em querer que o dia vai passando
Vamos aproveitar até o último raio de sol
Para que no escuro, sob o lençol
Haja motivo para esperar um novo tempo, um novo canto

Ainda não aprendi a sonhar
E o melhor de mim desperta quando não controlo sonhos
Quando não é preciso explicar nada
Quando você se indagar se vai valer a pena
Tente lembrar que a vida é curta demais para ser pequena
Vem, que lá vem o orvalho da manhã
Deixa pra lá essa sensação de tanto caminhar...
...sem a vida estar andando...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Silêncio de Chumbo

Nos dias em que temos nada a dizer
Seria interessante se alguém pudesse perceber
O que sempre esteve presente em nosso silêncio mais pesado
Que cai feito chumbo no momento em que estamos mais cansados

No fim, somos apenas tristes cavaleiros solitários
Em atitudes que nos magoam mais por gerarmos incompreensão
É fruto de um ciclo vicioso do nosso jeito antiquado
De tentar absorver o mundo com aberturas demais no coração

Nos dias em que nos calamos profundamente
Quem dera apenas sermos compreendidos e perdoados
Pelos erros que cometemos constantemente
Pelo medo de no meio do caminho sermos esmagados
Pelos mais espertos, mais certos, mais sóbrios e engomados

Quem dera que neste silêncio aparentemente interminável
Nossos equívocos fossem naturalmente explicados
Muitas vezes até dentro de nós mesmos
Quando por motivos estranhos não somos donos de nossos atos
Como a palavra que gritei; como o que sequer falei
E em segundos vi o mundo inteiro desabado...

Aposta...

Sei bem das invitáveis colisões
Dos pequenos problemas que parecem não ter fim
Sei bem que nem sempre dão certo as previsões
Que às vezes escolho, outras a vida escolhe por mim
Sei bem quando o olhar é doce, mas o mundo é acre
Quem nem sempre prevalecem as melhores combinações
Mas aposte sem medo de errar: a vida é um milagre
Sempre curto demais para ser pequeno...

Sei bem que cada dia tem sua glória e seu veneno
Que às vezes se oscila entre a cilada e a salvação
Que a madrugada comporta mais horas quando tudo parece perdido
Que o desejo é jogar tudo fora, mudar de rota e sentido
Sei bem das fossas e da força para superar
Sei bem dos cantos que nos escondemos
E do quanto ainda temos força para cantar

Quando a tensão do fio chega ao extremo
Quando caem mais folhas que previa o outono do coração
Aposte sem medo de errar: haverá sempre arte
E viver será sempre um milagre
Será sempre voltar para casa e te ver
Porque quando parece não haver mais nada além do fim
É por você, que eu continuo a apostar em mim

Couraça e coração

Quando me calo
Analiso calos
Dos meus pés feridos
Cheguei até aqui
Quem diria que seria assim?
Quantos acreditaram em mim?

Quem vê óculos escuros não vê olhos cansados
Quando em dias planejados me esforço para sorrir
Quem vê couraça não vê coração...
Quem vê mãos vazias não enxerga tudo o que carrego
Quando me calo...
...quando me perco no infinito do meu pequeno espaço...
...quando passo os dias a caminhar sem nem sentir...

Saiba você que ontem até lembrei
Do dia em que meu sonho, feito um trem, passa por aí
Eu te acenava e jogava ao vento tudo que eu sou
Mas quem vê olhos e não enxerga palavras
Deixa tanta coisa bela passar sem nem ouvir
Conta moedas
Canta tragédias
E não se encontra com o melhor de si

domingo, 15 de fevereiro de 2009

De verdade

vai buscar teu sentido
porque desconheço lugar onde a verdade possa estar
se parada ela estiver em algum livro
vai estar a espera do tempo lhe matar
cruel, imparcial, sem cuidar de guerra ou paz
só o tempo

esse assassino pacífico que remexe tudo aqui dentro
ainda assim só existe porque nós o inventamos
crendo ser mais uma verdade
porém para além de nós ele se desfaz no que é eterno
independente de um deus te vigiar ou existir

“por isto rouba para ti um sentido”
grita a pressão do tempo
porque tamanha liberdade da ausência de tudo dói demais
e há carro, grana, gana coisas para se conquistar
que nunca explicarão cada ruga que surgiu
cada tristeza que te invadiu
cada canto mais profundo do teu olhar
por isto que pelos becos mais escuros de tua ansiedade
uma voz não calou:
“o que é viver de verdade?”

Avós

chega, que o cheiro do café invadiu o alpendre
os sons das sandálias arrastando no chão ao levantar da rede
de repente uma criança avista um gigante
que o tempo há de fazer curvar sobre o corpo com sua sede
porque o tempo leva tudo e todos feito um rodo
como o qual ela enxotava galinhas quando caia a tardezinha

e o escuro avançava destacando alguns lampiões
em rodas de histórias que não se fotografa para por na estante
mas deixava sem dormir os mais impressionados
aqueles que guardam em si por não ter palavras para ser falado
gente simples que sabe mais que gente importante
gente de infinitas possibilidades que não se expandem
pelas circunstâncias que mantém o mesmo jeito Mata Grande

Afronta afora

Afronta pela vida afora
Chão à frente
Não adianta parar agora
Sempre haverá olhar querendo te derrubar
Eu não quero ódio pelo caminho
Pago o preço que for
Ainda que seja colecionar espinhos
Eu vim para dividir amor
Por ser a única forma de somar

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ponto Final

Segue em paz
Só se esqueça de lembrar de mim
Tenho direito a sofrer só
Se foi você quem quis sair

Nem tente explicar
Basta dizer que acabou
Qualquer palavra pode complicar
E me tirar até o que restou

Juro até
Que ao te encontrar vou sorrir
Não sei de onde tirar fé
Mas vou aprender a cuidar de mim

Se resolveres falar
Comente se faz frio ou calor
Se quiseres aprofundar
Para isto terás um novo amor

Sei que haverá...
...saudades nas noites em que não conseguires dormir
Abrace então quem tiver que abraçar
E convença-se de tudo o que você me diz

Avôs, filhos e netos...

A fé de quem nem sabe como chegou vivo
Em meio ao mar de gente, sempre foi mais um escondido
Com os joelhos calejados de orações e horários
Criou filhos e netos no milagre de multiplicar salários
Agora dorme velho e solitário
Aguardando mais um dia que vai surgir

Para mais uma vez colar a cabeça no vidro do coletivo
E sentir o peso e a angústia do novo mundo nos olhos
Ele já nem entende bem porque mudou tanta coisa por aqui
Apenas baixa a cabeça e sussurra para ninguém ouvir:
“Que Deus guarde os que andam comigo”
Ele levanta a cabeça e lembra dos filhos
Com a fé de quem nem sabe de onde tira tanta fé assim

Uma só poesia

Porque é assim toda vez
Que perco o chão ao pensar em você
O mundo deixa de ser apenas uma passagem
Passa a ter sentido todas as minhas viagens

Todos os poemas passam a ser uma só poesia
Simples e sem palavras
E ainda que eu chegue cansado do mundo
Estarei de alma lavada em meu silêncio profundo...

Moedas na bolsa

Vejo as engrenagens de tempo de igualdade impostas sem sentir
Pessoas que acordam e dormem se limitando ao ato de existir
Como se a vida fosse construir aviões, ou sair em revistas
Saber a hora certa de aposta na bolsa ou dar entrevistas
Eu me seguro na minha caneta com força para não cair
O abismo já não nos deixa dedilhar violões
É preciso barulho desconexo que dure tempo suficiente para não prosseguir

Determinados e obcecados pelo padrão que descarta quem não é veloz
Para perceber que já mudou tudo o que nunca sequer existiu
Quem pensar que aguente a pressão e a dor de estar contrariado
Porque sempre vai haver anestesias neste shopping center febril

Quem pensa que sabe tudo nunca aprendeu o que de fato se deve perguntar
Dão as respostas antes que você crie coragem de duvidar
Para que sentir se é mais fácil ficar passível de uma reação
Mas nunca seremos tão iguais assim, aceite ou não
Há sempre alguém fora das estáticas, nas sombras das áreas previstas
Alguém que não consegue apenas apertar botões ou crer em jornalistas

O sol nas primeiras horas da manhã

O sol que surge tímido pela manhã
Sempre uma nova chama a nos seduzir
O pessimismo da razão
Às vezes pensa até em desistir
Como quem traz o coração nas mãos
A espera de tão pouca coisa para ser feliz

Vamos ver hoje juntos o pôr-do-sol
Quem sabe se ilumine o sonho que deixamos fugir?
Quem sabe a gente transforme este dia em canção
Um dia que seria igual aos outros que nos trouxeram até aqui

Hoje, vamos parar o carro no sinal
Questionar como vai a vida de quem sempre esteve ali
O cotidiano já anda tão dentro de um padrão
Que a gente até esqueceu de desistir
E ainda espera enxergar uma estrela antes dela morrer ou cair

Hoje, vamos abrir a janela em meio ao temporal
Deixar o espelho mostrar o quando é preciso amar a si
Para poder chegar a um outro alguém
Com o que há de melhor a oferecer sem querer apenas consumir

Temos um futuro inteiro
Que pelo espelho retrovisor nos incomodará
Caso não consigamos começá-lo desde aqui

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Pequeno universo de tamanho infinito

Pense bem
Só venha se não quiser nada em troca
Quero dar valor sem por preço no que ando a respirar
Só assim...
...viver será um milagre irrefutável diante do seu olhar

Veja bem
Quando nossas rotas se confundem em algum lugar
É o exato momento em que somos especiais
Você diminui minha solidão e torna suportável caminhar
Por mais forte que seja a chuva e o penar

Só assim sair a rua
sem perceber que começou a terceira guerra mundial

Ao teu lado
Há um sentido amplo para estar vivo
Impossível de explicar
Deitar na rede e assistir ao temporal
Com força suficiente para encarar o mundo

O Homem Centenário

Temo não me indignar mais
Achar normal tudo que anda sob o sol
Com vidros fechados pelos sinais
Não vê a ampulheta acelerando o pó
O futuro assusta tanto quanto andar sempre tão veloz
Nem conseguimos notar que estamos sempre a dar nós
Prendendo o que é tão vital no fundo da garganta quando estamos sós

Se fosse possível curar ao gritar...
...mas o silêncio é cada vez maior...

Que sentido você dá a sua vida enquanto ela vai
Cada vez mais cheia de certezas e vazia de tantas sensações
O que ainda há de emocionar ao fim de tudo, quando o mundo fica mudo
E só resta o eco do que ficou impresso no retrovisor
Será que ao menos você vai conseguir em paz assobiar uma canção
Despretensiosa de encontrar qualquer razão
E ao fechar olhos para se encontrar no escuro perceba que não foi em vão

Mesmo que venha a doer a nossa lucidez em contradição

Literal...

Se eu calar e sobrar apenas o peso do olhar
Confrontando minha própria solidão...
...como quem se tranca para tentar achar algo puro no porão...
Talvez você consiga ver o que sempre quis dizer
Quando um pouco de silêncio era tudo o que eu queria

Quem sabe cruzar uma rua sem outdoors
Quem sabe me emocionar com uma alameda vazia
Sem precisar ser literal ou até mesmo está certo
Nunca quis te convencer com golpes de poesia
São minhas armas líricas para cruzar o mar
Que anda tão bravo que se confunde com mercadoria

Que tempo estranho é esse...
...que se afogam na mais rasa inquietação
Qual é de fato o seu lugar?
O que é fato e o que é ficção?

Se você souber que te enxergo com o coração
O que será que você vai pensar? No que acredita?
Se você souber que o desespero me provoca a ironia
Entenderia a medida exata do que fica pelas entrelinhas

Eu já tentei, mas não sei ser diferente
Bate dentro de mim e é mais forte que a gente
Talvez carregue dentro de mim onde quero chegar
Talvez só queira sair, mesmo sem ter para onde andar

Xeque-mate

Dia após dia
Aumenta o peso dos pés sob o chão
Asas e ousadia
Entrar de sola na contramão
No coro em que desafinas
Será que alguém sabe o preço da canção?
Para quem finge saber de tudo
O próprio veneno é a pior pressão

Enxergue o invisível logo à frente
Escute o silêncio e siga indiferente
Ao que dizem
Querem por teu coração em xeque
O que mais importa é que ele esteja leve

Não há encaixe perfeito
Há rotina em si é rota de colisão
A caixa que bate em teu peito
Espera sempre mais que uma ilusão
Se não for on-line deixe escrito
O que tua força ainda deseja
Enquanto estivermos vivos
Não há resumo, nem definição

Enxergue o impossível logo à frente
Escute o silêncio e siga indiferente
Ao que dizem
Querem por teu coração em xeque
O que mais importa é que ele esteja leve

Querem torna possível sem que a gente veja
Que mantêm o pássaro vivo preso à mão
Uma jaula enfeitada com tantas certezas
...falsa previsão...

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O peso do silêncio (Para Sartre)

O silêncio é o único conselho que você tem
No espelho, a espera sabe-se lá de quê
Cabelos brancos, barba por fazer...

Se pudesse voar você iria para onde?
Se tivesse uma vela nas mãos iluminaria o quê?
A próxima escolha sempre deixará para trás outras possibilidades
O próximo passo sempre te cobrará crer em alguma verdade
No final das contas não há muito que escolher...

O discurso do silêncio parece um incêndio dentro de você
Até onde a vista alcança quando o escuro ilumina...
...o que nunca a gente quis ver?
Fantasmas e vozes que não somem com aspirina
...o que nunca a gente quis saber?

Quem vai entender o que ela quis dizer
Quando resolveu se calar?
Quem vai entender o quanto ela quis viver
Quando decidiu se matar?

O peso do silêncio é o único conselho que você tem
E o que você tem?
Diga agora ou cale-se com o que sempre você quis gritar
No espelho, a espera sabe-se lá de quem...

Se pudesse explicar por onde você começaria
Quem sabe um papel em branco, uma poesia
A próxima palavra sempre deixará para trás outras formas de falar
O próximo passo sempre te cobrará ter aonde chegar
No final das contas somos sempre nós e o mundo real

Quando você vai entender o que eu quis dizer ao me calar?
Quando você vai entender que eu só quero viver...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mormaço (parceria com Eliza Azevedo)

Por falta de espaço
Gente gelada
Em pleno mormaço
A gente anda sem avistar
Algo novo no encalço
Meu coração sente o mormaço
Difícil de respirar

Os termômetros quase explodindo
Ainda tem gente que diz “que dia lindo”
E o dia acaba de começar
“Essa é tua. Corre pra buscar”
Mal sabem o que esperam

Flores pegam fogo na primavera
Geleiras derretem em algum lugar
Aquecimento no globo
Consumo no papel de bobo
O ouro do tolo
A medida sem precisão

Selva de apartamentos
Catálogo de sonhos de vento
"Essa é tuda. Corre pra comprar"
Oceano de plástico
Estado de putrefação
Sem salva vidas na beira do aquário
Vai passar ao vivo a destruição

Aqui falta espaço
Só o mormaço
Só o mormaço

Olhos cansados nublam paisagens

Quem sabe amanhã
Sob estas ruínas a gente enxergue um novo início
Por enquanto o caos
Segue ordenando o que parece não vê sentido
É preciso ter cuidado para onde apontam as tempestades
Em papel em branco sempre há de caber qualquer verdade

Enquanto se desata o nó
Meus olhos cansados vão nublar a paisagem
Mas quem sabe depois de um tempo só
Tantas nuvens tenham estado só de passagem

Quem sabe amanhã
Eu esteja leve para soprar as pedras do caminho
Enquanto isto minha caneta azul
Há de pintar um outro céu dentro das minhas tardes

Enquanto não vem sol
Meus olhos cintilam diante de qualquer miragem
Mas quem sabe depois de desatar o nó
A parada tenha sido essencial à viagem

Bravo

Será que é possível?
Somos do tipo que só tem coração
Coragem de tangenciar o invisível
Vê o horizonte e estender a mão...

A gente rir dos jingles
E assobia outro mundo em frente à televisão
Indaga-se se poesia é virtude ou vício
Transformando moinhos em gigantes e dragões

E a gente ousa e soa sempre na contramão
E a gente usa e sua os ventos da contradição
Em noites escuras
Madrugadas que parecem ser para sempre
Em previsões impossíveis
Em sonhos perdidos e já descrentes

Nós somos bravos e breves
Feito chuva com furacão
Não sabemos nem nossa própria medida
Ordem de grandeza é ilusão
Entre sobras e sombras
Vamos além do que está no espelho

Será que é possível
Somos do tipo que cai em contradição
Somos organismos vivos
Respirando as intempéries da mecanização
Mas somos bravos e diferentes

O dia do fim do mundo

Há sempre o dia do fim do mundo
Quando se enxerga um novo início em si mesmo
No auge do silêncio mais profundo
Quando só então é audível a voz do desespero

Quando se fecham as portas
Se deletam todos os arquivos da lixeira
Uma revisão no que realmente importa
Há sempre o dia do juízo final e nem um minuto a mais

Eu fechei para balanço
Talvez ligue depois da tempestade
Para informar se houve avanços
Ou se me reencontrei com alguma verdade
O fato é que eu já não posso mais ficar aqui
Talvez seja a hora do início depois do fim

Eu não sou este operário
Eu penso em arte; eu respiro tanto amor
Eu não sou este finito incorporado
O escuro ilumina caminhos aonde não vou

Saiba você, que eu vou além do que você vê...
Se eu cair, será o início depois do fim...
...será sempre assim...

Preço

Sempre em frente
Sem pressa ou precisão
Quem há de saber o preço?
Aguentar a pressão?
Sonhar sem senhas
Suportar a sólida solidão...

Vivo e voraz
Entre delitos e delicadezas
Desafios e destinos
Certas incertezas
Sem poder parar
Com passagem só de ida
Descer ou subir ladeira

A vida é curta demais para ser pequena
Continuarmos vivos
Milagre com certeza
É sempre por um sorriso
Um olhar, um amor
Nada mais além disto
Sem ter preço, mas com alto valor

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Voo Solo

Sempre em voo solo
Trazendo em si a imensidão
Abaixo um mar azul
Quem sabe do tamanho do coração
Será para sempre assim
Sem mapas, bússola, carta de navegação...

Quem esperará por mim
Com o vermelho que trago nas mãos
Pelejas de um voo solo
Feridas abertas onde é sólida a solidão

Um pássaro que tem por lar
O céu aberto sobre este mar
Que sente bater no rosto a miragem de alguém
Que um dia o faça descansar
Desse eterno pelejar

Para quem escolheu este eterno andar
Traz no coração seu próprio lar
Invisível a olho nu
Imperceptível a qualquer radar...
Na paz de quem voa só
Ainda que não saiba onde chegar